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PLURAL: os textos de Marcio Felipe Medeiros e Nara Suzana Stainr

Islamismo
Marcio Felipe Medeiros
Sociólogo e professor universitário

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Antes de adentrar sobre as raízes do Talibã, cabe fazer uma breve digressão sobre o Islamismo. Infelizmente, muitos pensam o universo islâmico como se fosse um bloco institucional monolítico. Islamismo é um princípio religioso, assim como o cristianismo, que apresenta inúmeras linhas religiosas que se institucionalizam com diferentes perspectivas. Assim como no caso do cristianismo, em que há interpretações distintas para a Bíblia apresentando uma profusão de "igrejas" (católicos, luteranos, presbiterianos, etc), o islamismo também apresenta várias linhas (sunitas, xiitas, carjitas, etc). Portanto, quando nos referimos ao Talibã, devemos nos referir a uma interpretação do oislamismo, e não à sua totalidade.

QUEM SÃO OS TALIBÃS

O termo significa "estudante", alcunha dada por seus líderes, enquanto estudavam em uma universidade no Paquistão. A ideologia Talibã congrega o fundamentalismo religioso com doses profundas de conservadorismo. Sua concepção de islamismo compartilha princípios antiocidentais de submissão das mulheres e de todo o povo à forma de interpretação do Alcorão trazida pelos seus líderes. Seu surgimento está relacionado a um vazio de poder, herança da guerra fria.

Em uma disputa, sobre qual potência iria influenciar o Afeganistão (EUA ou URSS), os grupos ligados aos EUA (mujahidins) acabam ganhando, o que inicia uma onda de conflitos para ver qual grupo que impediu o avanço comunista iria se estabelecer. Neste processo, ocorrido na década de 1990, se estabelece o grupo Talibã, que assume com as promessas de acabar com a corrupção e reavivar os valores tradicionais islâmicos.

O QUE PODEMOS ESPERAR?

O passado recente mostra que o grupo apresenta um profundo desrespeito à diferença de pensamento. Um dos exemplos é a destruição de uma das 7 maravilhas do mundo antigo, os Budas de Bamiyan, que foram implodidos por representarem "uma forma impura de visão de mundo". Esse tipo de pensamento intolerante e conservador é a marca registrada do Talibã. Como consequência imediata, já temos o anúncio do fim da vacinação contra o Covid-19 e a proibição das mulheres de estudar. A descrença tanto na ciência ocidental quanto no potencial feminino de atuação em equidade não fazem parte do universo Talibã. 

Sem sombra de dúvidas, o Afeganistão deve sofrer um revés social e econômico nos próximos anos, além do caos, medo e insegurança que têm levado milhares de pessoas a sair do país, como as pessoas que invadiram a pista em Cabul, se agarraram no avião norte-americano e foram caindo conforme o avião levantava vôo.

Afeganistão, crise sem fim
Nara Suzana Stainr
Doutora em Direito

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Os últimos dias tem sido conflituoso no Afeganistão, a partir do momento que os Estados unidos anunciaram a retirada de suas tropas do país. Com isso, o grupo extremista Talibã iniciou uma série de ataques a províncias daquele país, se empoderando da região.

Provavelmente, você se pergunta porque tratar desse assunto aqui? Mas, o que esse fato reflete em solo gaúcho ou em nosso país? Remeto-o, caro leitor, aos atentados de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, os quais incidiram no início à Segunda Guerra do Afeganistão, segundo as fontes executados pela Al Qaeda e sob o comando de Osama bin Laden, com o apoio do regime talibã.

Naquela época, há 20 anos, o presidente dos Estados Unidos era George W. Bush, e um dos alvos do atentado foi exatamente o símbolo do poder econômico do país, o edifício World Trade Center, popularmente conhecido como as torres gêmeas.

Deste momento em diante, os Estados Unidos começaram os ataques ao Afeganistão, com o apoio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), com a finalidade de encontrar o líder Osama bin Laden, e apoiadores, para acabar com a formação terrorista instalada no Afeganistão, bem como o regime talibã, mas tudo contrário à vontade da Organização das Nações Unidas (ONU).

Porém, em dezembro do mesmo ano, o Conselho de Segurança da ONU autorizou, por unanimidade, uma missão militar no Afeganistão com o intuito de permanecer apenas seis meses e proteger os civis dos ataques dos talibãs, declarando apoio aos EUA, Reino Unido, Canadá, França, Austrália e Alemanha. Muitos momentos de batalhas, revolta, destruição, bombardeiros e milhares de mortos marcam este conflito, sendo que, em maio de 2011, Osama Bin Laden foi morto pelos soldados americanos.

Logo, em 2012, foi assinado um acordo estratégico entre os presidentes dos EUA, Barack Obama, e Hamid Karzai, do Afeganistão, visando um plano de segurança que, entre outros, tende a retirada das tropas americanas. Contudo, as nações não atingiram um consenso em partes do acordo, tal como concessão da imunidade para os soldados americanos.

Hoje, o que emerge no cenário internacional é somente uma ponta do iceberg diante de tantos outros problemas no Oriente Médio, os quais as forças políticas internacionais não sabem resolver. Todo mundo olha com benevolência para aquela população de mulheres crianças e minorias políticas, mas a repercussão internacional pode afetar parte dos países europeus como a questão migratória, e daí será efeito dominó.

Respondendo à pergunta que fiz: os líderes e comunidade global estão em alerta devido ao cenário político, econômico e financeiro que podem desencadear rupturas que acabarão por atingir a todos, sem afalar na parte humanitária Não podemos negar que são várias as situações de riscos e afronta aos Direitos Humanos. A guerra do Afeganistão continua até os dias de hoje, desde então, merece destaque a posição da ONU, que tem feito grandes esforços em busca da paz, que consiste em tentar erradicar o conflito.

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